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As escolas estão tristes.

Atualizado: 7 de abr. de 2023


Os casos recentes de violência no interior das escolas públicas nos provoca medo, tristeza e indignação. A perda da professora Beth em São Paulo, vítima de feminicídio por realizar a função de educar, e agora a tragédia em Blumenau, onde crianças morreram a machadinha por um maluco, é o triste retrato de uma sociedade doentia e adoentada.

Há menos de um mês ficamos perplexos com a fragilidade da escola estadual em São Paulo, onde um jovem de 13 anos entrou empunhando uma faca e desferiu golpes contra vários estudantes e funcionários, levando a morte a professora Beth, aposentada de 71 anos que ainda utilizava da educação como um instrumento de transformação para muitos jovens. A violência assumiu um espaço que jamais deveria existir. Uma escola pública.

O homem que adentrou uma creche pública em Blumenau e levou a morte crianças e bebês com golpes de machadinha é cruel e poderia até ser um roteiro de terror. Mas, infelizmente, não se trata de ficção e sim a realidade de nossas escolas públicas. A inércia do Poder Público em garantir nesses espaços tão acolhedor ter o mínimo de segurança para atender as pessoas. Agora, o que resta é tentar explicar aos pais e mães como deixaram seus filhos na creche e que não os verão mais.

Muitos alegam que não há nada de doentio nos agressores e assassinos dos casos da escola paulista e da creche catarinense e sim maldade mesmo. De fato, não há sentimento que possa expressar nossa indignação contra essas pessoas que não seja mesmo que eles paguem pelo que fizeram e sofram assim como fizeram sofrer as famílias enlutadas. Todavia, para além do processo punitivo que o Judiciário precisa levar os criminosos, sendo julgados e condenados por seus atos, precisamos também analisar o processo atual em que se passa a escola pública.

Nossas escolas estão tristes e de luto. Todos somos solidários e precisamos compreender que, apesar dessas tragédias, muitas vezes anunciadas, nossa escola ainda é um ambiente alegre e prazeroso para trabalhadoras, trabalhadores e crianças. No entanto, até quando mais tristes fatos como esses deverão se repetir para que governos compreendam que há necessidade urgente pela reestruturação da escola pública. E essa mudança de concepção passa por valorização da escola e do ensino público. Não precisamos militarizar escolas para garantir segurança, mas queremos policiais presentes no interior e ao redor das escolas. Um modelo de polícia com seu batalhão escolar, que seja mais humanizado e parceiro da escola. O que, de fato, vai garantir novamente alegria às escolas é investimentos em artes, esportes e cultura para crianças. É a participação da comunidade escolar no interior da escola e a segurança garantida por meio da presença da polícia, enquanto ferramenta de parceria e não tornando escolas em quartéis.

Toda minha solidariedade e abraço aos familiares das crianças de Blumenau.


Weslei Garcia de Paulo é professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal. Foi concursado por 10 anos pela prefeitura de Valparaíso de Goiás. É escritor e tem Mestrado em Educação pela UnB.

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