Da minha janela eu contemplo o ócio.
Acendo um cigarro. Trago para mais perto a máquina de escrever.
Rabisco e apago. Aperto e afago. Toco e corro.
Se me mata o amor, quero é viver sem ele. Da minha janela eu
contemplo dois pombos, o céu nublado e gramas em processo de nascimento.
Desenho e rasgo. Sorrio e derramo. Troco a playlist.
Eu só queria que você estivesse segurando a minha cintura e beijando
meu pescoço, me dizendo que o amor ainda vale a pena;
que meu cheiro é a coisa mais abstrata de qualquer poesia;
que no portaretratos será sempre nós. Queria que você lesse minhas poesias.
Os sinais estão sempre espalhados pela casa.
Da minha janela, não te vejo mais.
Dry Neres é Presidente da Academia Valparaisense de Letras. Licenciada em Letras, Pedagogia e Filosofia. Também especialista em Gramática, produção de textos, literatura e linguística. Mestranda em Educação, gestão e tecnologias pela UEG.
livro: Que fique entre nós
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