O que é o amor senão uma invenção da sociedade?
Incapazes que somos, rendidos às nossas próprias inseguranças,
buscamos no outro, suprir “a parte que falta” em nós.
Aí o outro vem. Chega de mansinho. A gente pensa
que os mundos se fundiram, que os desejos são iguais,
que o sangue da corrente sanguínea é o mesmo.
Depois, parte; parte para novas histórias, novos registros, novos ares.
Inseguros que somos, enfiamos as fuças e todo o
restante do corpo em mais um pedaço nosso
perdido pelo mundo. É cíclico, ameaçador e perigoso.
A gente busca uma parte que nunca encontraremos
enquanto não admitirmos que somos inteiros.
A minha digital é única. Minha identidade é única.
O junto revela meramente minha incapacidade de
ser eu mesmo, de me aceitar como sou.
Não seria mais fácil compreender que não
precisamos de mais um cordão umbilical?
Dry Neres
Autora do livro "Que fique entre nós"
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